sábado, 7 de maio de 2011

Plantão da Monarquia

Jovens príncipes viraram repórteres e cronistas da vida pública e doméstica da família imperial no final do século XIX
Iuri Azevedo Lapa e Silva

São incontáveis os casos de intrigas e traições que mostram como era delicada a transição de um monarca para outro. Não menos difícil era a tarefa de preparar um futuro rei. Por isso as famílias reais sempre trataram das sucessões ao trono com o máximo cuidado. Aquele que estivesse na linha de sucessão de determinada dinastia precisava estar pronto para governar. Sua instrução tinha que ser feita com esmero. Dados sobre a educação dos últimos herdeiros do Brasil imperial indicam que o envolvimento dos príncipes com a vida política e doméstica era um dos principais objetivos desse processo de preparação. Um exemplo desse comprometimento está no Correio Mirim, um periódico que pode ser encontrado na Divisão de Manuscritos da Biblioteca Nacional.

O jornalzinho, que tinha uma estrutura amadora e só circulava entre os membros da família real, parece ter sido apenas um dos que foram redigidos, ainda que parcialmente, pelos príncipes imperiais. Os outros de que se tem notícia são o Correio Imperial, o Correio Assu, O S. Cristovão e O Larangeiras, cujos exemplares fazem parte dos acervos do Museu Imperial, do Arquivo Nacional, da Biblioteca Nacional e do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.

O provável “redator-chefe” do Correio Mirim era o mais velho dos três filhos da princesa Isabel (1846-1921), D. Pedro de Alcântara (1875-1945), que tinha apenas 12 anos. Ele assina o editorial do primeiro exemplar do periódico, que foi lançado no dia 1º de janeiro de 1888, e adverte seus leitores sobre os limites e as possibilidades do veículo: “O Correio Mirim não tem nem o tempo, nem as habilitações necessárias para competir com seu colega e amigo Correio Imperial. Oferece entretanto a seus assinantes o que de melhor lhes pode dar por ocasião do ano bom: seu coração e algum serviço que lhes possa ser útil”. De periodicidade semanal, o jornal aparentemente foi impresso pelo próprio príncipe. Suas páginas fazem menção a uma certa “Typ. Mirim”, tipografia que o jovem provavelmente ganhou de presente de algum parente ou amigo de seus pais pouco tempo antes.(...)

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