domingo, 5 de junho de 2011

A cólera de Poseidon

Nova Pinacoteca, Munique
Para os homens do mundo greco-romano, as ondas
gigantescas eram castigos enviados pelo deus dos mares


Os primeiros tsunamis de que se tem notícia foram registrados por escritores gregos como Trucídides e Heráclides do Ponto nos séculos V e IV a.C.
por Maria Celeste Consolin Dezotti

A palavra tsunami se popularizou após o maremoto que assolou a Ásia em 2004 e voltou às manchetes dos jornais em 2011, depois da tragédia que se abateu sobre o Japão em março deste ano. O fenômeno que o termo nomeia, no entanto, é muito antigo. Há mais de 2 mil anos, textos de autores gregos como Tucídides e Heráclides do Ponto já descreviam ondas gigantescas que devastaram diferentes pontos do litoral da Grécia nos séculos V e IV a.C.


O país fica em cima de uma área de encontro de placas tectônicas. A maior parte de seu território está situada sobre a Placa do Mar Egeu, mas essa porção de terra é rodeada pelas placas Eurasiana, Africana e Anatólica. Por isso os terremotos já eram um elemento presente no cotidiano dos antigos gregos.


Para esse povo, os abalos sísmicos ocorriam quando o deus Poseidon remexia o fundo do mar com seu tridente. Por isso, a população do país não deixava de agradar o deus, sacrificando-lhe touros, dedicando-lhe festas e santuários e cunhando em moedas o seu rosto. De lá para cá a reação a esses fenômenos não mudou tanto assim. Se nos falta o politeísmo para atribuirmos aos deuses certas responsabilidades, sobra-nos imaginação para personificar a natureza como uma mãe severa, pronta a castigar filhos que lhe faltam com o devido respeito.


O mais antigo tsunami de que se tem notícia foi registrado pelo historiador grego Tucídides no Livro III de sua História da Guerra do Peloponeso. Segundo ele, no verão de 426 a.C., o exército espartano pôs-se em marcha para invadir Atenas. Ao chegar ao istmo de Corinto, porém, os guerreiros foram surpreendidos por terremotos que os fizeram desistir da campanha.

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