sexta-feira, 10 de junho de 2011

Manchas na tumba provam que Tutankamón foi enterrado às pressas



A curta vida do lendário faraó egípcio Tutankamón é recheada de mistérios. Morto ainda na adolescência, aos 19 anos, a causa da morte do rei "Tut" ainda é alvo de especulação: enquantos alguns especialistas dizem que o que o vitimou foi combinação de malária e infecção óssea, outros cravam: foi anemia falciforme.
Agora um trabalho liderado pelo microbiologista Ralph Mitchell, da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, mostra que, independentemente da causa da morte, o enterro de Tutankamón foi literalmente uma correria.

A chave para a descoberta estava em pontos de cor marrom escura espalhados nas paredes da tumba. Mitchell e uma equipe do Getty Conservation Institute descobriram que eles são subprodutos da presença de fungos (e algumas vezes bactérias).

Curiosamente os fungos (ou bactérias) não estavam mais vivos. “Ficamos surpresos que os micróbios estivessem mortos. Esperávamos que estivessem vivos e crescendo. Isto provavelmente significa que as paredes estavam úmidas ainda quando o rei foi enterrado o que levou a uma grande cultura deles. Acreditamos que, após um período, as paredes secaram e os micróbios que criaram as marcas [marrons] morreram”, explicou ao iG Mitchell. E completou: “Nossa pesquisa traz mais evidências de que o rei morreu de repente e foi enterrado rapidamente, o que permitiu o crescimento dessas marcas na parede. Não há nada parecido nas outras tumbas”.

O trabalho foi fruto de uma preocupação do Conselho Supremo de Antiguidades do Egito que estava preocupado com a preservação da tumba de um dos mais famosos faraós egípcios e foi pedir ajuda para o Getty Conservation Institute. Este, por sua vez, pediu a Mitchell que respondesse a perguntas como: o que são os pontos marrons? Eles são danosos à saúde humana?

Agora os pesquisadores querem identificar qual micróbio literalmente comeu as paredes da tumba de Tutankamon. “Como eles não estão mais vivos, iremos usar análise de DNA para identificá-los”, afirmou Mitchell.
Para Mitchell, pesquisas deste tipo não são uma novidade. Há alguns anos, por exemplo, ele foi contatado pelo Smithsonian National Air and Space Museum para analisar os trajes usadas pelos astronautas do programa Apollo que estavam sendo comidos por fungos. A solução encontrada para impedir uma deterioração maior foi instalar um sistema climatizado para controlar a umidade e a temperatura do local em que eles estavam.

A mesma solução, no entanto, não resolveria a situação de Tuntankamón. Afinal, os danos já estão feitos há mais de três mil anos e são irreversíveis. Mitchell acredita que os especialistas em conservação irão deixar as marcas no local, afinal, “elas fazem parte da mística da tumba".

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