terça-feira, 5 de julho de 2011

Diário de um torturador de bruxas na Idade Média ( Parte II)

Tela de Bessonov Nicolay retrata uma sessão de agulhamento.
29 de Outubro.
A acusada foi trazida à minha presença hoje. Que triste criatura! A sua aparência quase me fez desistir daquilo que seria obrigado a fazer com a menina. É uma garota muito bonita, em outras circunstâncias, eu a teria cortejado. Ordenei aos meus ajudantes designados que tirassem todas as suas roupas. O próximo passo foi depilar inteiramente o seu corpo, sem deixar sequer um só pelo. Então, ordenei que s enfermeiras depilassem os seu órgãos genitais completa e cuidadosamente, para não decepar quaisquer sinais ou marcas. Tenho que confessar que tive um imenso prazer em olhar enquanto a sua pele era depilada, ainda mais porque os meus 50 shillings estavam garantidos.

Amarrei os braços da acusada e suspendi uma das suas mãos acima do chão. Inspecionei o seu corpo à procura por algum sinal de bruxa, ou marca de Satã, a teta extra com que ela alimentaria as entidades que lhe eram familiares. Muitas vezes, nas áreas genitais se encontrava uma terceira teta. Logo, inspecionei esta área com especial atenção. Por cinco horas examinei o seu corpo, com meticuloso zelo usando as minhas agulhas. Sem hesitação, agulhei o seu corpo para expor a marca e a cada agulhada, ela emitia horríveis gritos de dor. As bruxas não sentem dor, pensei.
Ela não renunciou a Deus nem confessou ser uma concubina de Satanás. Nenhuma confissão partiu dos seus lábios, não importando o quanto profundamente eu inseria a agulha dentro das suas carnes. Sei que eu não deveria ter prazer no meu trabalho, no entanto, como os que me rodeiam pensam que estou fazendo “o trabalho de Deus”, ter um pouco de prazer não é um mal negócio afinal. Assim, vou falando comigo mesmo enquanto continuo o meu trabalho diabólico.

Meu coração aperta, mas tenho consciência de que uma moedinha cai a cada agulhada na tenra pele. Quando maior agonia elas sentem, maior o meu prazer. Continuo a agulhar sistematicamente cada centímetro da sua carne, isto lembra a minha mãe quando costurava para o Suserano. Mamãe usava uma pequena almofada para guardar as suas agulhas, e é este papel desempenhado pelo corpo desta pobre garota: seu corpo está servindo de almofada para as minhas agulhas. É claro que a minha mãe não aprovaria o que estou fazendo, caso estivesse viva.

Ao final, não achei nada. E olha que não faltou determinação, pois enquanto desempenhei a minha tarefa, as enfermeiras inspecionavam o corpo conjuntamente com o magistrado. Logicamente, o coitado do magistrado não teria percebido as marcas de bruxa nem se elas tivessem adquirido pernas e chutado o seu traseiro. Logo, eu estava impossibilitado de referendar as acusações, sem ter achado algo palpável. Então, comuniquei ao Magistrado que eu e as ajudantes não encontramos quaisquer marcas naquele corpo e justifiquei que o próprio demônio poderia ter removido a sua marca, como uma precaução para preservar a sua possuída. A acusada começou a chorar e a protestar contra o fato de ter sido acusada injustamente.
Meu veredito havia sido proferido e a minha missão fora cumprida com toda a dedicação.

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